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CEFET-MG

Estudo analisa impacto da restrição de mobilidade na disseminação da COVID-19

Sexta-feira, 7 de maio de 2021

Modelo realizado em computador identifica superespalhadores do vírus
Quinta-feira, 6 de maio de 2021, às 17h38

A restrição de mobilidade e o uso de máscara podem contribuir para o achatamento das curvas de infecção da COVID-19. As medidas mostraram-se eficazes para a contenção do vírus em estudo de modelagem epidemiológica desenvolvido por pesquisadores do CEFET-MG. Eles implementaram um modelo baseados em agentes, considerando uma população heterogênea e avaliaram o papel dos indivíduos superespalhadores na população.

O modelo desenvolvido mostra que identificar os superespalhadores também seria mais eficaz para conter o espalhamento da infecção do vírus, o que pode ser feito por testes em massa na população e rastreamento de contatos, por exemplo. Além disso, a aluna Larissa Lopes e o professor Allbens Atman, autores da pesquisa, verificaram que o uso de máscaras em larga escala produz resultados análogos a alguns níveis de restrição de mobilidade e que uma combinação dos dois apresenta resultados mais efetivos.

O objetivo da pesquisa foi modelar a disseminação da COVID-19 em diferentes cenários, implementando ações como restrição de mobilidade e uso de máscaras por uma parcela da população, e analisar o resultado por meio do impacto no achatamento da curva de infecção do vírus. Os pesquisadores construíram a rede de infecção de uma população e identificaram a presença de indivíduos superespalhadores, que são aqueles que espalham a doença para muitas pessoas. Além disso, verificaram se os indivíduos apresentam alguma medida característica que os diferencie dos demais dentro da rede.

O modelo baseado em agente usando autômatos celulares probabilísticos simula a dinâmica de Suscetível-Infectado-Recuperado (SIR) com parâmetros de infecção de COVID-19. “A principal motivação é contribuir para o avanço do conhecimento a respeito das formas de enfrentamento de epidemias com as características da COVID-19 e desenvolver uma ferramenta que auxilie na tomada de decisão dos agentes públicos e valide as políticas públicas para enfrentamento da pandemia”, pontua Allbens.

O trabalho apresenta uma abordagem original para estudar o espalhamento da doença por meio do estudo de métricas das redes formadas pelos agentes infectados. “Atualmente, fala-se muito sobre o R0 ou o Rt, que são valores médios de infecções geradas por um indivíduo, ou seja, para quantas pessoas um indivíduo transmite a doença. No entanto, por serem valores médios, não refletem a dinâmica individual do espalhamento. Mostramos neste trabalho que, de fato, uma epidemia se propaga principalmente por superespalhadores, indivíduos que transmitem a infecção para muito mais pessoas. Em média, 15% dos indivíduos são responsáveis por cerca de 80% das transmissões”, explica Larissa.

Diferentemente dos estudos usuais, não foram definidos inicialmente quem seriam os indivíduos superespalhadores, apenas permitiu-se que os agentes executassem caminhadas aleatórias livremente ao longo dos sítios. “Verificamos que os superespalhadores se diferenciam dos demais indivíduos pelo número de contatos registrados durante o período no qual podiam transmitir a doença, ou seja, eles se ‘encontraram’ com mais pessoas enquanto estavam doentes. Isso indica que qualquer pessoa pode ser um superespalhador se não tomar o cuidado de verificar seu estado de saúde com frequência, optando pelo isolamento em caso de suspeita de estar contaminado, mesmo sem sintomas””, afirma o professor.

Os pesquisadores concluíram que a restrição de mobilidade e uso de máscaras também contribui para a redução do número de superespalhadores. Eles identificaram ainda indivíduos que não necessariamente são superespalhadores, mas que são considerados peças-chave para continuarem a transmissão da doença. “Isso ressaltou a importância de identificar esses indivíduos e seus contatos para possibilitar a quebra da cadeia de transmissão com mais eficiência”, explica Larissa.

Leia o artigo publicado sobre a pesquisa

https://doi.org/10.1371/journal.pone.0248708

Coordenação de Jornalismo e Conteúdo – SECOM/CEFET-MG

Estudo analisa impacto da restrição de mobilidade na disseminação da COVID-19