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CEFET-MG

Defesa de mestrado de aluno cego marca trajetória inclusiva no CEFET-MG

Quarta-feira, 23 de julho de 2025

A defesa do trabalho desenvolvido por Romario Teixeira será dia 25 de julho, às 14h, no auditório do prédio principal do campus Nova Gameleira, Belo Horizonte.

O Programa de Pós-Graduação em Educação Tecnológica (PPGET) do CEFET-MG realizará, na próxima sexta-feira, 25 de julho, a primeira defesa de dissertação de um estudante com deficiência visual. O trabalho “Nada sobre nós, sem nós: experiências e percepções sobre criação, adaptação e validação de recursos didáticos acessíveis e inclusivos na educação científica e tecnológica para estudantes com deficiência visual”, foi desenvolvido por Romario Teixeira. A defesa será às 14h, no auditório do prédio principal do campus Nova Gameleira, Belo Horizonte.

Romario Teixeira nasceu com a Síndrome do Olho de Gato, conhecida como Síndrome de Schopf-Schuster-Tizard–Wiedemann, uma condição genética rara caracterizada por diversas malformações. Aos 9 anos, ficou cego. Desde então, sempre estudou braile e em escolas convencionais. “Eu lido muito bem com minha deficiência. Nunca me coloquei como vítima. Sempre me coloquei como protagonista, buscando soluções para os meus problemas. Quando comecei a estudar, sempre tive dificuldade de acesso a materiais didáticos acessíveis e inclusivos”.

Essa dificuldade foi a motivação para investigar sobre os processos de criação, adaptação e validação de recursos didáticos promovidos por núcleos de acessibilidade e inclusão de instituições de ensino, com foco na participação ativa de pessoas com deficiência visual. “Ter a oportunidade de fazer uma pesquisa com essa temática, com essa riqueza de detalhes, me deu uma outra visão sobre a área da educação, que confesso que conhecia muito pouco. Mas hoje me sinto pertencente e pretendo continuar pesquisando e aprimorando para que seja um campo fértil, para que as pessoas com deficiência tenham mais oportunidades que eu”, destaca.

A pesquisa adota o princípio “nada sobre nós, sem nós” e uma abordagem qualitativa, explorando experiências vivenciadas por profissionais e estudantes envolvidos em ações inclusivas voltadas ao ensino de Ciências da Natureza e suas tecnologias. A dissertação foi orientada pelo professor Alexandre da Silva Ferry e a banca será formada pelos professores Maria Adélia da Costa (CEFET-MG), Nilma Soares da Silva (UFMG) e Weber Hanny Morais e Feu (UFU).

Segundo o professor Alexandre Ferry, a dissertação destaca o protagonismo dos estudantes com deficiência visual na construção de recursos acessíveis, reforçando a importância de práticas colaborativas que garantam o direito à aprendizagem em espaços verdadeiramente inclusivos. “O trabalho representa um marco na história do PPGET, reafirmando o compromisso do programa com a inclusão, a equidade e a valorização da diversidade na pós-graduação”, afirma.

A pesquisa reforça a importância de práticas colaborativas e inovadoras para transformar o ambiente educacional em um espaço verdadeiramente inclusivo. “Direito e acesso são coisas completamente diferentes. Nós, pessoas com deficiência, temos direito à educação assim como qualquer outra pessoa. Mas, o que determina o sucesso ou o fracasso de uma política pública é o quanto de acesso é dado às pessoas. Você dá acesso dando condições, ferramentas, mecanismos e condições de igualdade. A importância desse projeto é única, pois pode vir a ampliar a possibilidade de nós estarmos em um ambiente educacional com oportunidade de igualdade de aprendizado”, conclui Romario.

Fonte: CEFET-MG (link)